O programa ‘Toda Mulher’ desta quarta-feira (XXX), na TV Assembleia, recebeu a escritora e professora Thais Nunes, piauiense radicada no Maranhão. No bate-papo com a jornalista Márcia Carvalho, ela falou sobre o lançamento do seu livro, “Meio-Norte 2B84”. A obra, de caráter distópico (gênero da ficção científica), traz uma discussão sobre como os dados atualmente integram a nossa memória e como eles podem servir para legitimar narrativas de desigualdade e opressão.
Thais Nunes contou que, para escrever seu primeiro romance, ela teve que observar a IA na sua rotina. “Inteligência Artificial é um conceito futurista que até um tempo atrás parecia distante da nossa realidade. Mas, hoje, está tão presente no nosso dia a dia, que fica até dificil imaginar o mundo sem a Alexia, os bots, a Siri, o chat GPT, o mid jorney, as facilidades ao alcance das nossas mãos”, afirmou.
Segundo a autora, “Meio-Norte 2B84” é um romance que debate temas contemporâneos e é indicado para quem gosta de temáticas que envolvem ficção científica e, também, para quem busca conhecer um pouco sobre o mundo contemporâneo da tecnologia.
“A história nos apresenta Lis, uma meta-humana muito eficiente, desenvolvida por uma corporação de tecnologia especializada em inteligências artificiais para o ambiente doméstico. Ela está há anos na casa de uma família, onde já se sente membro. Mas, quando algo ameaça essa união e Lis corre o risco de ter sua memória apagada, a robô vai para o Meio-Norte impedir que isso aconteça”, resumiu Thais Nunes.
Além disso, a escritora afirmou que tinha muita vontade de escrever uma história do ponto de vista de uma inteligência artificial baseada em um recorte de gênero, afinal as assistentes virtuais mais famosas são mulheres.
“A Siri da Apple, Alexa da Amazon e Cortana da Microsoft são exemplos de caracterizações estereotipadas aos aplicativos que existem por várias razões históricas e culturais. Essas questões estão presentes na voz, no nome e em toda a construção de personalidade desses serviços”, observou Thais Nunes.
A escritora indagou, ainda, o porquê de a tecnologia reforçar esse papel servil das mulheres em um contexto que deveria ser inovador. “Esse é ponto essencial para, inclusive, evitar a reverberação de estereótipos e práticas condenáveis que buscamos combater ao longo dos séculos, como o machismo, sexismo, racismo, a violência e o preconceito das mais variadas formas”, concluiu.
O programa ‘Toda Mulher’ é exibido às quartas-feiras, sempre às 15h, na TV Assembleia (canal aberto digital 9.2; Maxx TV, canal 17; e Sky, canal 309).