Em gravação que circula em grupos de Whatsapp, interlocutora diz que ‘erro do secretário Joel Nunes foi ter nomeado Mágila dos Santos na Secretaria para atender pedido de candidato a prefeito que teria apoiado Braide no 2º turno’
Caiu como uma bomba em São Luís a revelação de que o secretário Municipal de Saúde, Joel Nunes Júnior – o Dr. Joel, errou ao nomear a enfermeira Mágila Izabel Souza dos Santos, para deixar que ela continuasse os mesmos modus operandi que vinha praticando na gestão do antecessor.
Um áudio obtido em primeira mão pelo blog – ouça abaixo, atribuído a uma servidora da pasta que ainda não foi identificada, circula em redes sociais desde a última quinta-feira (15), quando novos escândalos envolvendo o órgão vieram à tona.
Segundo o blog apurou, a interlocutora teria afirmado que gravou a mensagem explicando a situação para uma amiga, mas se enganou ao enviar o áudio em grupo errado num aplicativo de troca de mensagens.
Na gravação atribuída à servidora, ela teria dito, o seguinte: “Tu sabe qual foi o erro de Joel? É que ele, é que ele nomeou Mágila para ficar na Secretaria. Pra quê? Quer dizer, o roubo já ‘tava’ vindo de Lula Fylho. Então, quer dizer, só continuou, tu tá entendendo? Mágila só continuou a roubalheira. É isso que a Polícia tá com raiva, tá com raiva não, tá suspeitando. “
O áudio, de cerca de 1 minuto e 20 segundos, também acabou ‘deletando’ que a nomeação da ex-superintendente de Assistência a Rede de Saúde, na gestão Braide, teria ocorrido a pedido de um candidato a prefeito que teria apoiado o atual chefe do executivo ludovicense no 2º turno das eleições na capital maranhense.
Na gravação, supostamente, a funcionária da Semus diz: “Ele [Joel] nomeou ela, sabe porquê? Porque o menino, como é o nome meu Deus do céu! Aquele que foi candidato a prefeito, que tem o cabelo grisalho? Ele que pediu, porque, o pessoal que era de Flavio Dino (…) passaram para ele que foi apoiar o Braide. Foi por isso, foi porque Joel nomeou ela, entendeu? E ela continuou a roubalheira com os mesmos contratos”.
ÁUDIO:
Ouça a íntegra da gravação
Além dos fatos já relatos, também é possível ouvir na gravação atribuída à servidora, a revelação de que Dr. Joel teria pedido para sair do cargo, mas foi o próprio Braide que pediu para ele permanecer, provavelmente, temendo não encontrar substituído para tocar a pasta neste período de pandemia em meio à escândalos e investigação envolvendo servidores e fornecedores do órgão municipal:
“Joel é uma pessoa muito séria. Ele realmente não nasceu para ser político, para viver nessa bandidagem. Mas Braide não quer que ele saia, de jeito nenhum, Braide não quer que ele saia. Pediu para ele esperar mais um pouquinho, para aguardar mais um pouco”, concluiu a gravação.
NOVOS ELEMENTOS PARA INVESTIGAÇÃO
Segundo atos publicados no Diário Oficial do Município (DOM), Mágila Santos foi nomeada como superintendente de Assistência a Rede de Saúde, no dia 7 de janeiro – seis dias após a posse do prefeito Eduardo Braide.
Ela passou pouco mais de três meses no cargo até ser exonerada no último dia 08 deste mês, data em que foi deflagrada a Operação Tempo Real, levando a crer que o prefeito pode ter sido avisado sobre a diligência.
Tanto a gravação quanto a nomeação e exoneração trouxeram novos elementos que corroboraram com a investigação que apura fraude na aquisição de equipamentos destinados ao combate à pandemia da covid-19 em São Luís. Agora caberá a Polícia Federal se concentrar na busca pela motivação dos novos fatos.
MUITAS PERGUNTAS SEM RESPOSTAS
Além disso, muitas dúvidas intrigam a opinião pública. Uma delas é se Braide foi ou não avisado da operação que iria ocorrer justo na data em que exonerou a superintendente? Quem avisou? O que motivou a exoneração? E o que levou Braide a nomear a funcionária exonerada?
Os investigadores também precisam saber se outras pessoas estão envolvidas no caso, o que deve gerar novas fases da Operação Cobiça Fatal, que investiga um grupo de servidores e ex-servidores públicos que, com a ajuda de “representantes de empresas”, teriam praticado fraude e superfaturamento para a aquisição de equipamentos que teriam como destino o combate ao novo coronavirus.
Outra dúvida que paira no ar e que a polícia também precisa descobrir é: Quem seria o candidato a prefeito que pediu para nomear Mágila Santos no cargo de superintendente da Semus? E qual o interesse dele na nomeação da servidora que era considerada um ‘braço direito’ do principal acusado de liderar esquema criminoso na pasta municipal?
O QUE DIZ A LEGISLAÇÃO SOBRE NOMEAÇÃO?
O chefe do Executivo tem liberdade para escolher os cargos do primeiro, segundo ou terceiro escalão de seu governo. Contudo, as indicações estão submetidas aos princípios da administração pública listados no artigo 37 da Constituição Federal, especialmente o da moralidade e da probidade.
Devido à violação a esse postulado, é provável que essa e outras nomeações volte a colocar a PF novamente dentro da Semus. Neste caso, não por ferir um dos princípios da administração pública, mas para descobrir se ainda existem ligações com a teia da corrupção anterior.