Há um fato curioso na pesquisa Ibope de intenção de votos para prefeito nas eleições deste ano, contratada e divulgada nesta segunda-feira (21) pela TV Mirante: não há qualquer registro sobre os índices de rejeição de nenhum dos candidatos na disputa pelo Palácio de La Ravadierre.
A sondagem veiculada no Bom Dia Mirante aponta liderança do deputado Eduardo Braide, do Podemos, com 43%. Os dados, entretanto, trouxeram números que foram questionados nas redes sociais.
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Mas esse é apenas um dos fatos estranhos envolvendo a pesquisa. O principal deles está relacionado ao próprio instituto que realizou o levantamento. Trata-se do Ibope, empresa que teria sido usada para dissimular o pagamento de propina ao senador Rena Calheiros, conforme Ricardo Saud, um dos delatores da empresa J&F, que entregou ao Ministério Público Federal notas fiscais e contratos comprovando o suposto crime.
Em depoimento prestado no âmbito da Operação Alaska, Márcia Cavallari Nunes – estatística que assina a pesquisa apontando a liderança de Braide – nega que instituto emitiu nota fraudulenta para repassar propina ao senador, mas a acusação consta em delação premiada que faz parte do inquérito sobre propinas a parlamentares do MDB em troca de apoio à candidatura de Dilma Rousseff em 2014.
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É importante trazer à tona esse tema por entender que é fundamental esse detalhe, seja aqui ou em qualquer parte do mundo, para uma análise realista do quadro. Afinal, como é que se informa à justiça eleitoral um questionário para apurar o índice de rejeição e não se divulga os dados? Quem teria interesse em esconder esses números da população?
Há modos e modos de se divulgar os resultados de uma pesquisa. Cada um escolhe o que mais lhe convém. Como nas decisões judiciais, convencionou-se dizer que critérios editoriais não se discutem, em nome do direito sagrado da liberdade de imprensa.
Tudo bem, mas também não é preciso exagerar nem achar que ninguém vai perceber a manipulação. É por essas e outras que algumas pessoas comparam pesquisa a um biquíni: mostra o principal, mas esconde o essencial.
Será se Braide acha que pode ser eleito escondendo sua eventual rejeição? Se fosse assim, Edson Lobão tinha sido reeleito senador, Fernando Haddad seria hoje o presidente eleito e Roseana estaria no seu novo mandato de governadora.
O que quero dizer com isso? É que às vezes a rejeição é tão consolidada que impede qualquer crescimento do candidato. Por tanto, por enquanto, por falta desse dado, é prematuro qualquer análise favorável ou desfavorável para qualquer candidato na disputa pela Prefeitura de São Luís ainda mais sendo realizada por um instituto investigado por repasses de propina.