Falta recurso para investimentos, mas ‘sobra’ para comprar eleitores
O cenário é uma comunidade de Turiaçu, cidade maranhense, que fica distante a 460 quilômetros de São Luís. O enredo remonta aos tempos em que o voto tinha um preço e um cabresto. Mas, o ano é 2015 – períodos que antecedeu as eleições de 2016 – e os personagens não estão nos livros do século passado da história da República do Brasil.
Em vídeo gravado em fevereiro daquele ano, o prefeito Joaquim Umbelino Ribeiro (PV), que naquele período já estava na condição de pré-candidato à reeleição, foi flagrado distribuindo notas de R$ 100 reais a eleitores, em troca do voto.
Turiaçu é uma cidade que com o sistema de saúde público à beira de um colapso. A insuficiência de recursos e o surgimento de epidemias ameaçam o SUS. No entanto, se falta dinheiro para investimentos no setor, sobra recursos para o chefe do executivo turiense “distribuir bondades” aos eleitores.
RUA VIRA RIO
Enquanto Umbelino aparece na gravação fazendo uma ‘aplicação’ que garantiu sua reeleição, moradores do município denunciam a falta de investimentos em diversos setores da administração.
Em outro vídeo obtido pela reportagem, um morador turiense registrou alagamento em uma das ruas da cidade. Segundo o interlocutor, toda vez que chove as vias do bairro onde mora ficam alagadas.
PROVA DO CRIME
Umbelino foi reeleito em 2016 para cumprir seu terceiro mandato. No entanto, logo após as eleições, ele passou a ser investigado pelo Ministério Público do Maranhão (MPMA), por irregularidades em sua gestão. Não se sabe até agora se ele é alvo de alguma ação na Justiça Eleitoral, mas uma coisa é certa: o vídeo é prova do crime de compra de votos e abuso de poder econômico. Na época, em que vazou na internet, o caso foi batizado na cidade como “Mensalinho do Papel”, em referencia ao esquema de contratação de empresas que supostamente ‘existem apenas no papel’.