A democracia interna não pode ser apenas um valor proclamado: ela precisa ser praticada, defendida e garantida — especialmente quando está sob ataque. É isso que está em jogo no Processo de Eleições Diretas (PED) do PT no Maranhão. O que deveria ser uma celebração da militância e do fortalecimento partidário transformou-se, nas últimas horas, em motivo de grave preocupação: está em curso uma tentativa explícita de fraude eleitoral interna, conduzida por setores que se recusam a aceitar os resultados legítimos das urnas petistas.
A denúncia não é leviana nem isolada. É feita por integrantes da própria Comissão de Organização Eleitoral (COE) estadual, que acompanharam, em tempo real, a interrupção da apuração, a exclusão seletiva de municípios e a recusa de acesso aos documentos enviados pelas comissões locais. Trata-se de um ataque direto à vontade soberana da base militante — aquela que constrói o partido todos os dias, nos sindicatos, nas comunidades, nos assentamentos, nos movimentos sociais e nas cidades do interior.
Até as 17h do dia 7 de julho, apenas 37 municípios haviam sido computados pela COE. Após orientação da Direção Nacional, a contagem avançou para 82 municípios até as 20h15. No entanto, o que poderia parecer um avanço técnico revelou-se um arranjo político: os municípios contabilizados foram escolhidos seletivamente pela maioria da comissão, ligada às chapas encabeçadas por Zé Carlos (atual superintendente do INCRA) e Zé Inácio (ex-deputado estadual). Atas enviadas até o dia 7 de julho, dentro do prazo, foram simplesmente ignoradas, enquanto documentos recebidos no limite da data — às 18h do dia 8 — foram aceitos sem questionamento.
O resultado é escandaloso: 119 municípios estão de fora da apuração, uma exclusão que compromete não apenas o resultado final, mas a credibilidade do processo como um todo.
O clima de ruptura se agravou quando a secretária de organização do PT, Kelly Araújo, deixou a apuração às 11h30 do dia 8, acompanhada de Genilson e Fernando Silva. Informou que os documentos enviados ao e-mail oficial da SORG — canal regulamentar sob sua responsabilidade — só seriam acessíveis mediante solicitação formal. Em seguida, o coordenador da COE, Arthur Mendes, também se retirou dos trabalhos, sem apresentar justificativa. Desde então, a apuração está paralisada, a COE esvaziada e os votos de centenas de petistas maranhenses seguem ignorados.
Mesmo diante dessa evidente ruptura das regras partidárias, lideranças como Márcio Jardim apressaram-se em anunciar, às 10h18, o que chamaram de “segundo turno” para a presidência do partido no estado, congratulando Francimar Melo e Genilson Alves como se a apuração estivesse encerrada — quando, na verdade, mais da metade dos municípios sequer havia sido contabilizada.
Importante destacar que mesmo nesse resultado parcial e fabricado, Francimar vence no primeiro turno, conforme cálculo em anexo.
O que está em curso, portanto, é uma tentativa de golpe interno. Não se trata de um erro técnico ou de divergência interpretativa: trata-se da construção deliberada de um resultado artificial, com o claro objetivo de forjar uma maioria no diretório estadual e forçar um segundo turno inexistente para a presidência.
Diante disso, é urgente que a Direção Nacional do PT aja com firmeza. É preciso garantir a retomada da apuração sob novos critérios, com transparência, acesso aos documentos e respeito integral aos votos enviados dentro do prazo. A democracia interna é um princípio que não pode ser relativizado — nem mesmo (e sobretudo) por quem ocupa cargos ou posições institucionais no partido ou no governo.
O Partido dos Trabalhadores nasceu da luta por democracia, igualdade e justiça. Reproduzir dentro do PT práticas de exclusão, manipulação e desrespeito à base é uma afronta à sua história e ao seu futuro.
Golpistas não passarão no PT.
É hora de afirmar, com coragem e lealdade, que quem não respeita o voto da militância não pode falar em nome do partido. A militância que elege, que participa e que constrói o PT todos os dias é quem sustenta a sua legitimidade. E é ela que, mais uma vez, saberá defender a democracia, inclusive dentro de casa.
Cricielle Muniz
Dirigente Nacional é representante da chapa Articulação Petista – Articulação CNB
Rubens Junior
Deputado Federal e presidente
Francisco Gonçalves da Conceição
Coordenação AE, Representante da chapa estadual No Campo e na Cidade – PT de Todos Nós com Lula e Camarão (CNPT)
Cristiane Vasconcelos Bacelar
Representante da chapa estadual No Campo e na Cidade – PT de Todos Nós com Lula e Camarão (CNPT) | Membra observadora da COE estadual
Patrícia Carlos
Representante da chapa Articulação Petista – Articulação CNB | Membra da COE estadual
Carlos Augusto Alves
Membro da COE estadual
Creuzamar de Pinho
Coordenação DS
Ivaldo Coqueiro
Coordenação MS