“O MDB será o partido mais forte do Maranhão”. A frase, que ecoou no tom de pedra cantada, foi dita pela deputada Iracema Valer (PSB), presidente da Assembleia Legislativa, em discurso na grande convenção que consumou ontem a entrega do bastão de comando do partido pela deputada federal Roseana Sarney ao empresário Marcos Brandão, irmão do governador Carlos Brandão (PSB). No mesmo discurso, Iracema Vale sinalizou que migrará para o MDB, mas que isso só acontecerá na janela partidária de 2026.
Com a presença do presidente nacional, deputado federal Baleia Rossi (SP), e dirigentes de outros partidos, como o ministro do Esporte, André Fufuca (PP), o vice-governador Felipe Camarão (PT), o secretário-executivo do Ministério da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Capelli (PSB), a convenção do MDB foi um evento político como poucos, com a presença de líderes emedebistas de todas as regiões do estado, incluindo alguns há tempos afastado da vida do partido. O Multicenter Sebrae foi pequeno para o grande número de militantes, que fizeram uma grande festa para mostrar que o MDB está caminhando para voltar a ser de novo o maior partido político do Maranhão, como o foi durante os anos de poder de Roseana Sarney, sob o comando do então senador João Alberto.
Na sua fala, após assumir como sucessor de Roseana Sarney no comando do partido, das mãos de Roseana Sarney, Marcus Brandão, que não cabia em si agora com o dirigente da agremiação que esteve por décadas como braço partidário do sarneysismo, disse que vai lutar torna-lo casa vez mais forte. E isso poderá acontecer já no ano que vem, ao longo da corrida às prefeituras.
Homem da mais absoluta confiança do governador Carlos Brandão, Marcus Brandão não ingressou e assumiu o comando do MDB pura e simplesmente porque resolvera entrar na política partidária e controlar um partido para chamar de seu. Todos os seus movimentos até aqui indicam que ele vai preparar o MDB para ser o abrigo partidário do grande grupo hoje liderado pelo governador Carlos Brandão, que se encontra hoje abrigado no PSB, como é o caso da deputada Iracema Vale e do deputado Antônio Pereira, que não se sentem inteiramente à vontade numa legenda da esquerda moderada, a exemplo da agremiação socialista.
Tudo indica que com a saída do senador Flávio Dino da cena política ao se tornar, daqui a semanas, ministro do Supremo Tribunal Federal, o PSB, que é hoje uma grande e bem cerzida colcha de retalhos, sofrerá um forte processo de esvaziamento. E não será nenhuma surpresa se, além da deputada Iracema Vale, o próprio governador Carlos Brandão vier a ingressar no MDB. É verdade que o chefe do Executivo estadual não cogitou essa migração, mas também não declarou, de alto e bom tom, que o PSB será sua moradia partidária definitiva. Esses movimentos, se estiverem planejados como parece, deverão ocorrer mais ostensivamente em 2026, quando certamente o mosaico partidário do Maranhão será amplamente redesenhado.
Marcus Brandão assume o comando de um partido organizado em todo o Maranhão e com uma estrutura que funciona, resultado de mais de três décadas da gestão eficiente comandada pelo ex-senador João Alberto, que foi muito elogiado por quase todos os oradores da convenção. E encontra também uma nova geração aguerrida, que tem o deputado estadual Roberto Costa, vice-presidente do partido, como referência, e o prestígio do ex-presidente José Sarney, que continua sendo o maior nome do MDB.