Itamargarethe Corrêa Lima
Jornalista, radialista e advogada. Pós-graduada em Direito Tributário, Penal e Processo Penal; pós-graduanda em Direito Civil, Processo Civil e Docência no Ensino Superior.
No cenário político contemporâneo, as redes sociais transformaram-se em um palco permanente. Entre selfies, legendas de “estamos juntos” e fotos com supostos aliados, muitos pré-candidatos passaram a construir uma narrativa digital de força que nem sempre corresponde à realidade.
A vitrine virtual parece sólida, mas os dados revelam uma fissura crescente entre o que se posta e o que existe de fato. Pesquisas internacionais demonstram que a exposição visual, por si só, não garante adesão política real.
Um estudo da Ludwig-Maximilians-Universität München aponta que curtidas e seguidores não se convertem automaticamente em votos. Na mesma linha, o Oxford Internet Institute indica que o uso repetitivo de imagens superficiais gera apenas a sensação de mobilização, sem ampliar diálogo, debate ou consciência política.
Esse comportamento se aproxima do fenômeno conhecido como slacktivism, entendido como “ativismo de sofá”. Trata-se de um engajamento simbólico e de fachada, no qual basta um clique ou repost para aparentar apoio. A ação é rápida, barata e confortável, mas carece de efetividade.
Outro levantamento relevante é o do Pew Research Center, que identificou que, em diversos países analisados, uma parcela significativa dos usuários nunca publica sobre política, embora permaneça ativa nas plataformas.
Dessa forma, o ruído político das redes costuma representar uma minoria vocal e não um movimento social amplo. Esse fenômeno também se repete no Brasil, especialmente em São Luís, onde parte dos pré-candidatos confunde visibilidade com adesão.
Fotos de apoio, abraços ensaiados e legendas inflamadas dominam perfis, mas raramente se traduzem em compromissos concretos. A estética digital pode impressionar, mas não sustenta projetos políticos duradouros.
A coerência, o discurso e a trajetória continuam sendo fatores determinantes, muito mais do que a imagem fabricada no feed.
Por hoje, encerramos aqui. Na próxima semana, daremos continuidade ao nosso bate-papo. Até lá.








