Uma conquista para poucos! Assim podemos definir o feito alçado pelo clã Corrêa Lima, família de origem negra que tem nada mais nada menos que nove advogados regularmente inscrito na seccional maranhense da Ordem dos Advogados do Brasil. Anacleto, neto do advogado Itamar Corrêa Lima e filho da jornalista e também advogada Itamargarethe, participou ainda pouco da solenidade que marcou o ingresso do profissional nos quadros da entidade.
Aos 85 anos, dos quais 53 dedicados ao exercício da advocacia, o líder do patriarcado fez questão de prestigiar o neto e a filha. “Somos o interruptor da Democracia no País. É a advocacia que tem à missão de barrar os excessos e arbítrios dos agentes públicos, independente da esfera de poder. Sou grato por presenciar a minha segunda geração abraçando com amor a carreira jurídica. Tenho certeza que o caminho escolhido foi à opção mais acertada na minha vida”, disse emocionado Dr. Itamar.
ORIGEM FAMILIAR:
Abandonado pela mãe aos seis meses de idade, o filho de Severo Corrêa Lima, motorista do Palácio dos Leões no governo de Sebastião Archer, foi criado por 13 madrastas. A infância e adolescência conturbadas foram à combustão propulsora para alimentar a vontade de vencer que, somada a determinação de garantir aos descendentes um futuro diferente, fez com que o aluno do Liceu Maranhense tivesse a certeza que somente através da educação conquistaria um lugar de destaque em uma sociedade imperialista e escravocrata.
O resultado não poderia ser diferente. Em 1964, Itamar Corrêa Lima foi aprovado para o curso de Direito. O ex- presidente do Centro Acadêmico da antiga Faculdade de Direito, na Rua do Sol – é citado como exemplo pelos grandes profissionais que desbravaram e lutaram para fortalecer a profissão no Estado.
LEMBRANÇAS DA DITADURA –
Dono de um legado moral robusto, na trajetória pessoal, uma passagem em especial enche de orgulho filhos e netos. “O saber jurídico, a coragem e determinação são atributos inconfundíveis. Acompanhei a narrativa de muitos e muitos fatos, porém o que mais chamou minha atenção tem haver com a Ditadura Militar, período difícil na história do Brasil. Em 1968, como presidente do Centro Acadêmico, ele foi preso e retirado da sala de aula, apontado pela polícia repressora como líder dos movimentos que eclodiram em todo o País, inclusive na capital maranhense, para protestar o assassinato do estudante secundarista Edson Luís de Lima Souto, ocorrida dentro do restaurante Calabouço, no Rio de Janeiro”, contou o mais novo advogado.
Antes de abraçar e fazer da OAB sua segunda família, Dr. Itamar exerceu os cargos de escrivão da Polícia Federal e delegado da Polícia Civil. Já na condição de advogado foi aprovado nos concursos de auditor do Ministério do Trabalho e Juiz estadual, mas por problemas familiares abriu mão de ambas as nomeações.
Atualmente, o ex-conselheiro da seccional maranhense nas gestões dos colegas Raimundo Marques e Caldas Góis, exerce a advocacia apenas, na condição de consultor jurídico da prole. Assim como Itamargarethe e o filho dela – Anacleto – são inscritos nos quadros da seccional maranhense Itamary, Itamauro e Itamarcia sem contar, também, com os netos Italanna, Paulo Filho e Raissa, mas logo logo o número deve aumentar, pois existem outros três bacharéis, sendo dois filhos e um neto que poderão seguir os mesmos passos dos demais.