Sem pensar, deputado deu “presente de grego” a Braide ao pedir investigação de áudio sobre continuação de roubalheira na Semus
A expressão popular “tiro no pé” é utilizada para definir algo que foi feito ou planejado errado, e a pessoa que o executou, pensando que ia se dar bem, acabou se prejudicando ou afetando um aliado.
O ditado popular pode ser usado perfeitamente para comparar com a atitude do deputado estadual Neto Evangelista (DEM) quando solicitou, nesta quinta-feira (29), que Secretaria Estadual de Segurança Pública (SSP) investigue a autoria de um áudio atribuído a uma suposta servidora da Secretaria Municipal de Saúde (Semus) delatando uma continuação da roubalheira na pasta.
No conteúdo da mensagem vazada, a interlocutora declarou que “erro do secretário Joel Nunes foi ter nomeado enfermeira Mágila Izabel Souza dos Santos na pasta para atender pedido de candidato a prefeito que teria apoiado Braide no 2º turno”.
O incomodo do parlamentar pode ter sido em trechos da gravação, que circulou em programas de rádio, blogs e redes sociais, onde a suposta servidora teria dito, o seguinte: “Tu sabe qual foi o erro de Joel? É que ele, é que ele nomeou Mágila para ficar na Secretaria. Pra quê? Quer dizer, o roubo já ‘tava’ vindo de Lula Fylho. Então, quer dizer, só continuou, tu tá entendendo? Mágila só continuou a roubalheira. É isso que a Polícia tá com raiva, tá com raiva não, tá suspeitando.”
O áudio teria vazado em grupos de Whatsapp desde o dia 15 deste mês, mas apesar do gravíssimo conteúdo, a interlocutora não declinou o nome do tal candidato que teria sido responsável pela indicação da ex-superintendente de Assistência a Rede de Saúde. No entanto, hoje – quase 15 dias depois do episódio – Neto Evangelista, que por coincidência tem o cabelo grisalho, resolveu trocar o civismo pelo cinismo e tirou sua máscara para ‘vestir a carapuça’.
O parlamentar que foi terceiro colocado na disputa em São Luís com menos de 100 mil votos, foi pessoalmente à Secretaria Estadual de Segurança Pública (SSP) para solicitar que investigue a autoria do áudio. Em seus perfis nas redes sociais, mesmo quinze dias atrasado, reagiu dizendo que “nenhuma inverdade sobre a minha imagem e trajetória política passará em branco”.
Neto quer a Deic dentro da Semus
O problema, entretanto, é que ao pedir investigação sobre o caso, Neto Evangelista ajuda a colocar a Delegacia Estadual de Investigações Criminais (Deic) dentro do órgão municipal que tem função de prestar assistência primária de urgência e emergência. Ou seja, tudo que os adversários de Braide mais desejavam.
Será qual a real intenção do democrata em pedir que a Deic entre no caso? Será que o outrora aliado resolveu presentear Braide com chamado “presente de grego”? Afinal, se o áudio é fake como se justifica a exoneração da ex-superintendente na data da deflagração da operação da PF? Por qual motivo ela foi exonerada? A queda dela do cargo comissionado tem ligações com a investigação que apura irregularidades na Semus? O prefeito foi ou não avisado sobre a diligência que iria ocorrer justo na data em que exonerou sua ex-superintendente?
Em uma coisa eu concordo com Neto: a investigação é a única forma de saber a verdade por trás desse caso misterioso. No entanto, o áudio com detalhes sobre a continuação da suposta roubalheira no órgão municipal seria apenas a ponta do iceberg.